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Bem-Vindo à livraria Hyunam Dong

  • Foto do escritor: Jacqueline Garutti
    Jacqueline Garutti
  • 20 de jul.
  • 4 min de leitura

Se eu pudesse definir este livro em uma palavra, seria confortável. Ao longo do texto você vai entender o porquê ;)


Começamos o livro com a seguinte pergunta: " Como uma livraria deveria ser?" e para Yeongju, a dona da livraria, deveria ser um espaço que repondesse sim às perguntas:

"Eu me sinto bem neste espaço? Eu consigo ser eu mesma e me amar como eu sou neste lugar? Eu me sinto valorizada

Close-up view of a traveler reading a book on a beach
Capa do livro Bem-Vindos à Livraria Hyunam-Dong

Confesso que essas perguntas ficaram na minha mente durante um bom tempo e serão meus novos nortes quando estiver em um lugar novo.


Continuando com a leitura, conhecemos Minjun, o novo barista da livraria. Minjun está chegando aos 30 anos e se questiona se a vida que possui é a vida que gostaria de ter, usando como base o que a sociedade e seus pais consideram como sucesso: ser funcionário de uma empresa grande.

Somos introduzidos a mais 4 pessoas: Jimi, dona da Goat Beans, empresa que fornece grãos para a livraria; Mincheol, adolescente que não vê nenhum sentido na vida; sua mãe, Hijoo, preocupadíssima com o filho e Jeongseo mulher cujo passado descobrimos mais para frente mas que, no presente, frequenta a livraria por ser um espaço calmo para tricotar.


A partir desses 6 personagens principais e com a livraria como fundo, vemos como as pessoas vão amadurecendo e como a própria livraria vai ocupando seu espaço no bairro.

Durante a leitura, sinto que amadureci também.


O livro é pequeno porém traz leves críticas sobre o capitalismo: na preocupação da Yeongju em manter um salário justo com Minjun; sobre o modelo de trabalho onde, na leitura do livro The Refusal of Work: The Theory and Practice os Resistance to Work temos a reflexão sobre o tempo que passamos trabalhando e como isso pode afetar nossas identidades e nossos valores:

"Quando uma parte significativa do nosso tempo é gasta com o trabalho, torna-se cada vez mais difícil dizer quanto do nosso tempo é realmente nosso" - p.133

Além das críticas, somos contemplados com algumas reflexões dos personagens. Em uma conversa com Seungwoon, Yeongju é questionada se há uma única definição sobre felicidade e ela compartilha com o leitor a sua visão e sua decisão de futuro:

"...[Aristóteles] diz que felicidade e prazer são coisas diferentes. De acordo com ele, felicidade são as conquistas que fazemos ao longo da vida... Eu costumava gostar desse ponto de vista. Eu achava que se as nossas conquistas ditam a nossa felicidade, então valia pena lutar por isso.- Mas por que mudou de ideia? Por que não gosta mais da visão de Aristóteles?- Porque eu não estava feliz - Yeongju continuou a falar, sentido o rosto ruborizar um pouco - Conquistar coisas trabalhando duro é bonito. Mas depois entendi o que ele realmente quis dizer: trabalhe a vida inteira para ter alguns momentos de felicidade. Para alcançar a felicidade você precisa ser infeliz a vida inteira. Quando pensamos desse jeito, a felicidade se torna algo horrível. Dedicar toda a minha vida a uma única realização me deixaria com uma sensação de vazio. Por isso decidi que buscaria o prazer em vez da felicidade."- p.177

Essa leitura me trouxe muitas reflexões, principalmente sobre trabalho, pois casou com meu momento. Nesse ano, principalmente nesse segundo semestre, comecei a me questionar sobre o meu trabalho, o que eu gosto de fazer, sobre meu futuro, meu valor e sobre o futuro do trabalho em si. Será que existe alguma maneira de ser menos infeliz no que eu faço ou de ver algum valor nas minhas entregas? Será que está na hora de mudar? O que eu quero fazer no futuro?

Questões como essa se tornaram constantes na minha cabeça durante a leitura, e, se você assim como eu, possui as mesmas questões, lamento desapontá-lo caro leitor, mas o livro não traz as respostas para nossas perguntas. Mas ele me trouxe uma nova visão sobre como lidar com o trabalho e como ter mais leveza no meu dia a dia e me manter verdadeira comigo mesmo. Compartilho um trecho contigo, mas recomendo fortemente ler a seção inteira do livro:

"Foi isso que aprendi ao longo da vida, mesmo quando trabalhamos para os outros, precisamos trabalhar por nós mesmos. Trabalhar para mim significa fazer o melhor que eu posso. E, mais importante, não perder minha identidade. Se você está infeliz ou insatisfeito com a sua vida profissional, talvez seja hora de procurar outro trabalho. Nós só vivemos uma vez." -p.255

Por fim, outro questionamento que também tenho pra mim é sobre sucesso. Lembro que uma vez minha terapeuta me questionou o motivo de eu perseguir o sucesso, se é algo importante para mim ou para minha família e, olhando agora, acho que seria a segunda opção. Ao longo desse ano, eu foquei em ser promovida e ser reconhecida e, na linha de chegada, encontrei exaustão e solidão, porém sem nenhuma promoção. Com esse aprendizado e com os meus pensamentos, comecei a conversar mais e tive a grande oportunidade de encontrar pessoas que me confortaram e que foram gentis comigo. Após essa experiência, eu usarei a mesma definição de sucesso da Yeongju e a levarei comigo durante muito tempo:

"Uma vida de sucesso é uma vida rodeada de pessoas boas." - p.242


E você, também encontrou respostas neste livro?



Este livro foi a leitura de Outubro do Clube de Literatura Coreana da Luara França. Link do Clube: https://luarafranca.com/clube-de-literatura-coreana/ 

 
 
 

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